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Arte como terapia

  • Foto do escritor: Tamara Ramos
    Tamara Ramos
  • 30 de ago. de 2015
  • 4 min de leitura

Existe um consenso generalizado de que a arte é "muito importante" - mas pode ser extraordinariamente difícil dizer porque. No entanto, se a arte é feita para que possamos desfrutar de seus privilégios, ela tem que ser capaz de demonstrar a sua relevância em formas compreensíveis para o público mais amplo possível.


Alain de Botton e John Armstrong têm uma firme convicção de que a arte pode nos ajudar com nossos dilemas mais íntimos e comuns, respondendo a perguntas essenciais como: O que posso fazer sobre as dificuldades em meus relacionamentos? Por que o meu trabalho não é mais gratificante? Por que outras pessoas parecem ter uma vida mais glamourosa do que a minha? Por que a política é tão deprimente? O propósito deste livro é a introdução de um novo método de interpretação da arte: a arte como uma forma de terapia. Os autores afirmam de que certas obras de arte proporcionam soluções poderosas para os nossos problemas cotidianos, mas que, para que esse potencial possa ser explorado, a atenção do público precisa ser direcionada de uma maneira nova e incomum. Os livros de arte, de modo geral, ocupam-se da arte como fator histórico, estilístico e técnico, e não ajudam o grande público a descobrir a relevância das obras para suas vidas normais.


Alain de Botton faz uma crítica aos museus de arte e acusa os curadores de não criarem dispositivos que aproximem o público visitante do universo das artes de forma mais intimista. Quando visitamos um museu, podemos ver pessoas vagando entre uma obra e outra, lendo as pequenas legendas técnicas adicionadas às telas, sem compreender muito bem a importância daquilo que está apreciando. Os autores propõem que a arte precisa revelar seu potencial terapêutico latente, mas para isso, é necessário uma profunda reforma nos museus e galerias de arte tradicionais.


Em "Arte como terapia," Botton argumenta que os museus tomaram um rumo errado. Eles nunca deveriam ter abraçado como seu paradigma de orientação a disciplina de história da arte; ela os levou a perder a noção do que realmente faz a arte interessante. A maioria das pessoas, ele pensa, se preocupam apenas um pouco sobre quem encomendou o quê. Quando uma visita a um museu é bem-sucedida, geralmente não é porque o visitante aprendeu fatos sobre arte, mas porque ele encontrou uma ou duas obras que ressoaram de forma privada. E, ainda, os museus fazem muito pouco para fomentar estes tipos de conexões pessoais; pois eles sugerem que a nossa abordagem para a arte deve ser impessoal e acadêmica. "As reivindicações que eu estou fazendo para a arte", disse Botton, "são simplesmente as afirmações de que nós naturalmente fazemos em torno da música ou da poesia. Nós somos muito mais relaxados em torno dessas formas de arte. Estamos dispostos a perguntar, 'Como isso poderia encontrar um lugar no meu coração?' "


O livro "Arte como terapia" é grande, muito bonito, e preenchido com imagens de pinturas e esculturas, juntamente com explicações de como essas obras de arte podem ser abordadas de uma forma mais pessoal e terapêutica.


Os Museus seriam lugares mais enérgicos, imprevisíveis e úteis se os curadores pensassem menos como professores e mais como terapeutas. Em vez de ser organizado por PERÍODO - "pintura britânica do século XVIII," - as galerias poderiam ser organizadas em torno de temas em escala humana, como o casamento, envelhecimento e trabalho. Em vez de fornecer o contexto histórico-artístico, os textos na parede poderiam tratar de questões pessoais: Como faço para parar de invejar os meus amigos? Como posso ser mais paciente? Onde posso encontrar mais beleza em minha vida?


"Precisamos de algo para manter nossas ideias fluindo", diz Botton. Durante uma visita ao museu, Botton olhou fixamente para o rosto da Virgem de Fra Filippo Lippi, que expressa uma mistura de alegria, surpresa e tristeza. "Vendo este quadro é como ver uma criança em uma cidade", ele arriscou. "Há uma ternura súbita aqui, que é tão distante da aspereza de fora. Se eu fosse colocar uma legenda aqui, ela poderia dizer: "Nosso mundo, com toda a sua sofisticação tecnológica, é carente de certas qualidades. Mas esta pintura é uma visitante de outro mundo, onde essas qualidades de ternura, reverência e modéstia são muito valorizadas."


A virgem de Fra Filippo Lippi


O livro seleciona obras de artistas conhecidos mundialmente – Picasso, Monet, Banksy, Da Vinci, Michelangelo – e analisa os propósitos por trás de cada uma. As interpretações filosóficas sugerem, por exemplo, como ser um bom amante a partir do quadro do pintor Niccolò Pisano, e como encarar o trabalho com base na tela pintada por Nicolas Poussin.



ARTE REMÉDIO

Como o escritor identifica problemas e propõe “soluções artísticas” para os males humanos:

MEMÓRIA Fragilidade psicológica

Esquecemos o que importa, não conseguimos reter experiências importantes e fugazes.

Antídoto

A arte torna os frutos da experiência memoráveis e renováveis.

ESPERANÇA

Fragilidade psicológica

Somos sensíveis demais ao que há de ruim na vida. Perdemos nossas esperanças.

Antídoto

A arte mantém à vista as coisas alegres e agradáveis.

REEQUILÍBRIO

Fragilidade psicológica

Somos desequilibrados e deixamos de enxergar os nossos melhores aspectos.

Antídoto

A arte codifica a essência das nossas boas qualidades para ajudar a reequilibrar nossa natureza.

SOFRIMENTO

Fragilidade psicológica

Somos propensos a sentimentos de isolamento, pois não temos senso de que as dificuldades são normais.

Antídoto

A arte nos lembra o lugar legítimo do sofrimento, para sentirmos menos pânico nas dificuldades, que são parte de uma existência nobre.

COMPREENSÃO DE SI

Fragilidade psicológica

É difícil que os outros nos conheçam: somos misteriosos até para nós mesmos.

Antídoto

A arte pode nos ajudar a compreender o que é central e essencial para nós, mas difícil de expressar em palavras.

Vídeo de Alain de Botton falando sobre a importância da arte como terapia. (Legendas em portugues)



 
 
 

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